Como será o varejo e a indústria de consumo depois do coronavírus?

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Os hábitos de consumo e o fluxo de compras estão mudando, ainda mais quando consideramos as consequências do COVID-19; essa realidade exige que as empresas adotem novas estratégias.

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Em uma abordagem institucional do consumo no qual o comprador é um indivíduo social a hipótese da alteração endógena das preferências individuais é fundamental e
inevitável. Mais do que isso, em uma curta retrospectiva do conceito de instituições percebe-se com facilidade que em uma abordagem institucional do consumo as preferências dos compradores se alteram. Ao argumentar que a instituição é a expansão do desejo de um indivíduo além do que ele pode fazer pelas suas próprias e insignificantes ações (COMMONS, 1931); as instituições são perpetuadas por que limitam e moldam as aspirações individuais (HODGSON, 2003); a intencionalidade dos hábitos gera desejos coletivos (SEARLE, 2005); as escolhas individuais são parte de um processo pela qual as pessoas (re)criam a si mesmas SEARLE, 2005); assume-se implicitamente ou explicitamente que os gostos dos indivíduos mudam.

HODGSON (2003) afirma que as alterações nas preferências são considerações adaptativas à evolução das circunstâncias, estabelecidas através da aquisição de procedimentos habituais, forçados ou não. De acordo com HODGSON (2003), o sistema sócio-econômico não cria simplesmente novos produtos e percepções, ele também cria e reinventa indivíduos. Os indivíduos não somente mudam os seus propósitos ou preferências, mas também revisam suas habilidades, percepções e necessidades. Em termos de capacidades e convicções, o indivíduo muda no processo e o aprendizado pessoal desempenha uma função importante. A descoberta ou recepção de informação pode reconstituir uma capacidade ou uma preferência individual (HODGSON, 2003). Em resumo, o aprendizado pode mudar as preferências, as metas, as capacidades, as habilidades e os valores. A mais penetrante característica das instituições é a capacidade de moldar e mudar disposições e aspirações individuais (HODGSON, 2003).

Em uma discussão mais profunda da ação humana em meio ao ambiente institucional encontra-se o processo reconstitutivo. Elemento que explica do começo ao
fim como hábitos são formados e modificados e a implicação destes procedimentos nas preferências dos indivíduos e na configuração das instituições. Os hábitos constroem as preferências e as disposições. Quando novos hábitos são adquiridos ou mudam as preferências se alteram (HODGSON, 2003).

COMMONS, J. Institutional economics. American Economic Review, vol. 21, p.648-657, 1931.
HODGSON, G. The hidden persuaders: institutions and individuals in economic theory. Cambridge Journal of Economics, 27, p. 159-175, 2003.
SEARLE, J. What is an institution? Journal of Institutional Economics, v. 1, n. 1, p. 1-22, 2005.


Um novo hábito de consumo online está se institucionalizando (não formal) entre os consumidores. Mudanças na estrutura de consumo (pressão externa) estão alterando as regras do jogo. As empresas que não se ajustarem à essa nova modalidade (institucionalizada) estão fadadas ao fracasso.

Com certeza será muito diferente do que era antes da pandemia.  As empresas tiveram que se readaptar a essa nova realidade, elaborando novas estratégias, criando novos produtos e serviços, modernizando o que já existia, entre outros. O pós pandemia consequentemente fará com que as empresas mudem suas estratégias para uma nova realidade. O varejo se modernizou no quesito interação remota, vendas online e tecnologia, e isso será um dos legados da pandemia.

Para viabilizar as transformações necessárias no pós-pandemia, o varejo precisa mudar seu foco. E essa é uma mudança radical: em vez de priorizar a distribuição de produtos, as empresas precisam colocar as necessidades do cliente em primeiro lugar. Isso significa deixar de vender o que a indústria está oferecendo e passar a disponibilizar o que o consumidor deseja comprar. É inverter completamente a dinâmica dos negócios.

Isso tem impactos imensos não só no varejo, mas em toda a cadeia de distribuição. Se é preciso colocar o cliente em primeiro lugar, o supply chain precisa ser flexível para entregar o produto onde, quando e como o cliente desejar. Cadeias de suprimentos construídas há décadas como linhas de montagem que levam pacotes até as lojas precisam ser repensadas. Processos logísticos precisam incluir os estoques das lojas para trazer flexibilidade, agilidade e redução de custos. O envio de produtos a partir das lojas físicas já é uma realidade e, em breve, será a regra no varejo omnichannel.

6 tendências para o varejo pós-pandemia

A pandemia realmente acelerou o processo de mudança tecnológica na qual já estávamos imersos, o que reflete cada vez mais na busca de soluções de adaptação por parte das organizações, o que não poderia ser diferente!

Com o consumidor mais conectado, informado e exigente, as organizações precisam se adaptar para responder às demandas cada vez mais específicas dos consumidores. O MKT de relacionamento pode ser um dos caminhos a ser seguido. É importante que as organizações se humanizem, não vendam apenas produtos, mas levem conteúdos que sejam relevantes e façam diferença na vida dos consumidores. Outro fator importante é a presença em diversos canais de venda. Nesta nova era é imprescindível que sejam traçadas estratégias para transformar o cliente em um advogado da marca.

O texto aborda a perspectiva do consumo depois do coronavírus tendo a tecnologia como base para toda a mudança que está ocorrendo atualmente. A pandemia acelerou os canais de venda digitais e muitas tecnologias possíveis para mapear o comportamento do consumidor, suas preferências e como persuadi-los a comprar diariamente. O questionamento que faço é: como as empresas irão atender a esses clientes que estão inseridos ou estão aderindo ao digital e também àqueles que não tem acesso à Internet ou familiaridade com compras on-line? O mercado realmente irá obrigar/exigir que todas as pessoas mudem suas preferências/hábitos para o digital, conforme diz o texto inicial proposto no fórum? Como equilibrar a aceleração que o digital traz com uma parte da população brasileira que ainda não está conectada?

A realidade atual de muitas organizações está pautada justamente na adequação das novas formas de consumo e, atrelado à isso, ao desafio de lidar com o público consumidor de hoje. Diante esse contexto, se torna necessário a adequação às exigências impostas desse novo modelo de atuação, principalmente no que se refere ao relacionamento com os indivíduos e às diversas ferramentas e tecnologias utilizadas pelas organizações. Procurar entender e se adaptar tem se tornado cada vez mais sinônimo de sobrevivência organizacional e, nesse contexto, as empresas, se unem agora para criar mecanismos e ferramentas como forma de ajuda mútua, visando a permanência no mercado. De forma complementar, além das exigências dos clientes, as empresas precisam se preparar para enfrentarem um cenário desafiador pós-pandemia. Muitas estratégias, ideias e ferramentas que estão sendo desenvolvidas e implementadas no momento, deverão ser consideradas pelas empresas, mesmo depois que todo o cenário pandêmico passar, uma vez que os reflexos da pandemia refletirão de forma significativa nos processos e atuações organizacionais futuros. Assim, a adaptação às novas mudanças do mercado, o emprego de estratégias e ferramentas que otimizem os resultados, e a manutenção de um bom relacionamento com colaboradores e consumidores, fará toda diferença nesse processo e, principalmente, no sucesso das organizações.

O texto e os comentários aqui expostos apresentam reflexões bastante interessantes a respeito do que esperar no "pós pandemia".

O texto apresenta o cenário em mudança e destaca 8 caminhos possíveis para otimizar a cadeia de suprimentos com um todo. Entre estes caminhos temos:
- pessoa no centro: como primeiro e, penso que intencional, pois são as pessoas que de fato exercem o consumo. O quanto esse consumo vai ser mais consciente e diferente, vai depender sempre do comportamento do consumidor e isso precisa ser observado com "atenção" pelas empresas, pelo fato dos diferentes tipos de consumidores.
- experiência e lealdade do cliente
- confiança como motor do crescimento: esses dois pontos também enfatizam a importância que o consumidor merece por parte das empresas, já que a partir do momento que ele "confia" na empresa, tende a ser leal.
- Eficiência e ética no uso de dados pessoais: é notório que com o aumento do uso de plataformas digitais, é necessário muito cuidado e ética no uso e proteção dos dados pessoais dos clientes por parte das empresas, já que as fraudes e golpes irão aumentar
- novas plataformas e modelos de negócios
- cooperação e colaboração
- cadeia inteligente e responsiva de suprimentos
- a tecnologia como base para o desenvolvimento: esses outros 4 itens abordam sobre o novo contexto que o varejo está sendo inserido: novas plataformas de comércio, a tecnologia, a colaboração/cooperação. São itens que de alguma forma estão transformando o varejo e precisam ser observados, pelas empresas, mas também pelos pesquisadores para contribuir com a sociedade.

Considerando a teoria institucional citada aqui no fórum, nota-se que esses novos hábitos estão ainda em processo de mudança, transformação, como se estivem na fase inicial da institucionalização e, considero que somente vamos conseguir compreender quais práticas e hábitos de fato foram "institucionalizadas" quando todos puderem voltar ao presencial, transitar livremente em todos os ambientes, sem limitações de pessoas, entre outras limitações impostas pela pandemia. Aí sim, as escolhas feitas tanto por consumidores como por empresas, serão aquelas que pode-se considerar "institucionalizadas".